
Infecções corneanas
Para uma visão adequada, a córnea precisa ser transparente. Opacidades ou cicatrizes corneanas secundárias a processos infecciosos são uma das mais frequentes causas de baixa de acuidade visual no mundo.
Mecanismos de defesa da superfície ocular
Alguns mecanismos de defesa da córnea para se proteger de agentes infecciosos são:
Pálpebras: O movimento de abrir e fechar das pálpebras funciona como barreira mecânica contra traumas e corpos estranhos externos. A ação de piscar ajuda no espalhamento do filme lacrimal na superfície, mantendo-a hidratada e saudável. O fechamento adequado das pálpebras também auxilia no escoamento do filme lacrimal (bomba lacrimal) e ajuda a eliminar agentes infecciosos da superfície ocular.
Epitélio: Esta camada mais superficial da córnea tem alto poder de regeneração e é capaz de manter a superfície íntegra e protegida da invasão de microorganismos.
Filme lacrimal: É de extrema importância para a lubrificação da superfície ocular, além de ser rico em diversas substâncias como imunoglobulinas e enzimas que ajudam no combate a agentes infecciosos.

Causas (fatores de risco):
As infecções corneanas ou úlceras infecciosas podem ocorrer, mais comumente, após traumas corneanos (corpo estranho, traumas contusos, traumas com materiais vegetais, queimaduras químicas) e contaminação pelo uso de lentes de contato.
Microorganismos causadores:
Diversos agentes podem causar infecção na córnea, como bactérias (os mais comuns), Acanthamoeba (protozoário), fungos e herpes.
Apesar da história, do tempo de evolução e de alguns aspectos sugestivos no exame da córnea, a identificação do agente infeccioso pode ser muito difícil.
Diagnóstico:
O recurso “padrão ouro” para o diagnóstico do agente infeccioso causador de úlceras corneanas com critérios de gravidade (Identificados ao exame oftalmológico) é a cultura e citologia do raspado corneano. Entretanto, o resultado da cultura pode sofrer a interferência de vários fatores (como uso prévio de medicações oculares, técnica de coleta inadequada etc.), com um percentual de positividade em torno de 60-70%. O exame de microscopia confocal é uma excelente ferramenta para aumentar a sensibilidade na identificação do agente causador da infecção, principalmente nos casos de infeccão por Acanthamoeba e fungos.

Tratamento:
O tratamento é feito através do uso de colírios específicos direcionados ao agente suspeito ou identificado pela cultura e microscopia confocal. Em alguns casos são indicados também medicamentos orais para ajudar no combate à infecção. O tempo de tratamento pode variar de acordo com o agente infeccioso e pode demorar semanas (bactérias) ou até alguns meses (fungos e Acanthamoeba). Após o controle da infecção, a extensão da sequela corneana e visual é avaliada, para que se possa definir se há indicação de tratamento conservador (observação, óculos ou lente de contato rígida) ou cirúrgico (LASER ou transplante de córnea).
A avaliação imediata pelo oftalmologista é de extrema importância nos casos de olho vermelho, pois o diagnóstico e tratamento corretos realizados de maneira precoce podem evitar o agravamento do caso e o risco da perda da visão.